Fanfic Cap. II
Comecei a vasculhar nas minhas malas, a avaliar peça por peça toda a roupa que trouxe comigo para a viagem… visto que não começámos da melhor forma, sem nenhum de nós saber o que realmente se passou na noite passada, até que ponto chegámos, e as figuras que possamos ter feito, agora tinha de me esforçar ao máximo para fazer boa figura, e deixar uma boa impressão, visto que ele agora já me conhecia, e no
momento em que chegasse perto dele, e enquanto/se continuássemos sóbrios, não teríamos a (de certa forma) vantagem de mais tarde não nos lembrarmos de nada, caso tivéssemos feito figuras tristes. Para além do mais, perante um rapaz tão elegante e distinto como aparentava ser, para além de giro, só tinha mesmo de caprichar, e deixar uma óptima impressão, que vergonha se deixasse ficar mal um homem daqueles, e tendo em conta que a primeira impressão ficou no esquecimento, ficou sem efeito, aquela seria, para todos os efeitos, a primeira, e essa, normalmente, é a que fica… não me podia desleixar, tinha de estar no meu melhor!
Depois de tomar um bom banho, e de experimentar “n” peças de roupa diferentes, decidi-me finalmente por um vestido de alças finas branco-pérola de cetim brilhante, curto, um pouco acima dos joelhos, e por uns botins de salto pretos. Para terminar, uma carteira preta, o cabelo amarrado, num penteado simples, mas com classe, e uma maquilhagem simples, aplicada ao de leve.
Acabada de me arranjar, e após observar o resultado final, vi que estava simples, mas como as coisas mais simples acabam na maioria das vezes por ser as mais elegantes e discretas, mais valia assim do que ser produção em exagero, o que só tirava classe… sempre primei pela discrição e pela decência, embora por vezes certas situações fugissem do meu controlo!
Portanto, gostei do resultado!!
Estava pronta, mas nervosa, aquele nervoso miudinho… afinal, não é todos os dias que se vai ter um encontro com um jeitoso que se acabou de conhecer, e com quem nunca se tinha estado antes, até aquela manhã, e não durante tempo suficiente para ganharmos qualquer tipo de à-vontade um com o outro.
Desci as escadas, e ao caminhar em direcção à porta do hotel, onde iria esperar que o Eric (era esse o seu nome, certo?) me encontrasse, olho para trás, e vejo as minhas amigas Jessica e Emilie atrás de mim, a espiar-me, para ver como estava.
- Uhuhuh – disseram em coro, a fazer piada com a forma como estava arranjada para o encontro. – Isso promete!!! – brincou a Emilie.
- Não sejam parvas!!! Não estavam à espera que eu fosse para um encontro, ainda por cima com um rapaz tão giro, e com aquela classe, feita uma pindérica, pois não? Tenho de causar boa impressão, além
disso, não estou assim tão produzida, tentei parecer o mais simples possível, mas simplicidade não tem de ser sinónimo de desleixo; posso juntar o útil ao agradável: estar simples, mas bonita!!!
Pareceram satisfeitas com a explicação, porque não continuaram a tentar embaraçar-me.
- Vai lá então para esse encontro com o rapaz misterioso… mas não penses que te escapas, depois queremos saber tudooo, até aos mais ínfimos pormenores, até os mais escabrosos!!! – completou a Jessica, trocista.
- Vocês são mesmo taradaaas, e depois ainda falam de mim!! Quem é que vos garante que eu vou ter assim taanta coisa para vos contar, e com os pormenores todos incluídos? – retribuí a brincadeira, que foi interrompida pelo som de uma voz masculina, a qual me fez dar um pulo de surpresa, e virar a face de volta para a porta.
* Olá, boa noite! – cumprimentou o Eric, entusiasticamente. – Ei, estás muito… elegante!! – elogiou-me, enquanto me pegava na mão e a beijava, como se via nos filmes.
Que galã, pensei, enquanto esboçava um leve sorriso. – Obrigada, e tu também! – e foi neste momento que esperei que ele não achasse que só o estava a dizer para ser simpática, e porque ele também mo tinha dito antes, mas porque era a verdade!!
Deu-me o braço, e saímos do hotel, entrando no táxi onde ele tinha vindo, e que estava à nossa espera.
- Para o Taco Bar, por favor!!! – indicou ao taxista.
Chegados lá, ele pagou a viagem, e fomos para o restaurante, que depois reparei que era um restaurante de comida mexicana… ele tinha lá feito uma reserva de mesa para dois, e segundo me disse, adorava aquele tipo de comida, e aquele era um óptimo restaurante, ia lá de vez em quando.
- Como hoje de manhã tomámos um pequeno almoço sueco, achei que podíamos variar. Espero que gostes de cozinha mexicana! – explicou o Eric.
Na verdade não era muito adepta desse tipo de cozinha, principalmente se estivesse carregada de picante, como era costume na comida mexicana. Mas não quis desiludi-lo, e resolvi arriscar.
- Não é o meu tipo de comida preferido, mas também deve depender do que se come. Desde que não seja algo carregado de picante, tenho a certeza que não deve ser assim tão mau.
Ele desatou a rir, provavelmente a gozar comigo por eu não ser muito dada a grandes aventuras gastronómicas.
- Deves estar a achar que sou uma fraquinha! – pensei.
Quando o empregado de mesa veio com o menu, ele – ainda a recordar-se do que eu tinha acabado de dizer momentos antes acerca da comida picante – ajudou-me na escolha, aconselhou-me algo que sabia não ser muito picante, e que eu conseguiria comer sem problemas, para ambos nos assegurarmos que eu não ficaria sem jantar, visto que uma vez que ele me tinha convidado e levado ali, seria embaraçoso para os dois que certos pormenores estragassem o que era suposto correr tudo bem durante aquela noite.
A escolha foi perfeita, ele escolheu sopa asteca para os dois, uma sopa tradicional mexicana, que era feita à base de tomates, abacate, queijo Asadero, e vários outros ingredientes, nos quais a pimenta não estava incluída – foi-me garantido por ele, que já tinha experimentado, e dizia ser muito bom, e eu decidi confiar. Mostrou ser de confiança, porque de facto era óptima, e nada de picante!!
Para sobremesa, escolheu emapanadas, um pastel doce mexicano, com recheio de geleia de frutas, e depois de assado, coberto com canela. Era uma delícia.
Enquanto jantávamos, fomos falando sobre cada um de nós, a tentar conhecermo-nos um pouco melhor, com muito boa-disposição e risadas à mistura, à medida que a conversa ia fluindo, e íamos ficando mais à-vontade na presença um do outro.
Acabámos de jantar, e ele mais uma vez insistiu em pagar, apesar de eu ter insistido bastante que agora era a minha vez.
- Fui eu que te convidei mais uma vez, faço todo o gosto!
- Mas já me pagaste o pequeno-almoço, não tens de ser sempre tu. Não és o meu banco, pois não??
- Ahahaha, essa teve graça!! Não sou mas não me importo nada de te pagar uma ou outra refeição, ou algo mais que for preciso, qual é o problema de o querer fazer? Não vou ficar mais pobre por isso! Os amigos fazem isso uns pelos outros, e sei que se fosse eu a estar no teu país, farias o mesmo por mim!!
- Sem dúvida… - Pronto, eu não insisto mais, obrigada mais uma vez!!
- Não tens de quê!
Depois do jantar, e porque ainda era cedo para voltarmos já para os hotéis, decidimos caminhar um pouco, visto que estava uma noite muito agradável, óptima para dar uma volta a pé.
Os meus nervos foram desaparecendo ao longo da noite, e já me sentia muito mais confiante na presença dele.
Após caminharmos um bocado, encontrámos um bar, e decidimos entrar. Tinha um óptimo ambiente, tocava música ao vivo, e também havia karaoke. A decoração era toda rústica, com paredes e chão de pedra, e mesas de madeira.
Pedimos qualquer coisa para beber, e um bocado depois de estarmos numa mesa, ele desafiou-me para ir participar no karaoke.
Apesar de insistir bastante, não me conseguiu convencer. Eu era demasiado envergonhada para isso, mesmo se cantássemos em conjunto, até porque sempre detestei a minha voz, e não tenho voz nenhuma para cantar.
Vendo que não me conseguia arrastar até lá, acabou por desistir, e foi sozinho.
Fiquei totalmente boquiaberta, e sem palavras, quando percebi que ele cantava super bem, e tinha uma voz fantástica!
Sem dúvida que aquele rapaz que só naquele mesmo dia havia conhecido era uma autêntica caixinha de surpresas, que me surpreendia cada vez mais com uma coisa nova.
Que mais segredos e mistérios é que se esconderiam por detrás daquele ser humano?
Passámos um bocado da noite lá, a aproveitar o ambiente e a divertirmo-nos, e quando começou a ficar mais fraco, fomos embora.
- Bem, vou levar-te ao teu hotel, e depois vou para o meu. – disse ele.
- Não é preciso, eu apanho um táxi.
- Apanhamos um táxi sim, mas não te deixo ir sozinha! Que raio de cavalheiro era eu se deixasse uma senhora andar por aí sozinha, mesmo que fosse de táxi, e ainda para mais a estas horas da madrugada?? – perguntou, entre risos. - É perigoso, e ficaria sempre de consciência pesada; se te acontecesse alguma coisa, então, jamais me perdoaria!!
- Cavalheiro, hã?? Muito me contas… - Está beem! – aceitei eu com um suspiro, rendendo-me, e percebendo que naquela noite não valia a pena tentar demovê-lo de nada, à excepção do karaoke. Era tudo à vontade dele.
Apanhámos o táxi, que parou à porta do hotel, e ficou à espera que ele voltasse a entrar, para voltar para o hotel dele.
- Passei uma óptima noite, diverti-me muito! Espero não ter sido muito chato! – desejou, com uma pontinha de vergonha saliente na sua voz e no seu semblante.
- Nããã, lá agora!! – ironizei, soltando uma gargalhada.
Ele fingiu-se de ofendido.
- Está bem… espero que isso não seja motivo suficiente para que nunca mais queiras voltar a sair comigo, e prometo que se voltar a acontecer, farei de tudo para ser menos aborrecido! Obrigada pelo óptimo serão, e pela companhia!
- Voltar a sair contigo, isso é mais um convite para um novo encontro?? – Obrigada também a ti por isso, também passei um serão fantástico!! – garanti com sinceridade, com um leve sorriso no rosto. – Bem, é melhor ir andando, está a ficar tarde, e preciso de ir dormir, já estou a necessitar. Boa noite!
- Boa noite, dorme bem!! – retribuiu, e despedimo-nos com dois beijinhos na face.
- Obrigada, e tu também. Tem cuidado ao voltar para o hotel sozinho!
- Não te preocupes!
Subi para o meu quarto ainda com o tal sorriso parvo na cara, ainda a digerir tudo o que se havia acabado de passar naquela noite… tudo aquilo tinha sido mesmo real, ou eu estava a sonhar, tinha estado a sonhar o tempo todo? Imersa nos meus pensamentos, abri a porta do quarto, entrei, e ao acender a luz e fechar a porta, ia morrendo de susto, até caí para trás, e bati com as costas na porta, quando vi as minhas duas queridas amigas feitas estátuas deitadas na minha cama, como a fazer pose para uma sessão fotográfica, à espera que eu
chegasse, para cumprir o acordo que tinha feito com elas. Ou melhor, o que elas tinham feito comigo, porque eu não prometi nada!
- Surpriseee!! – gritaram em uníssono, com enorme excitação e altos sorrisos.
- O que é que vocês estão aqui a fazer a estas horas?? São as piores, nunca pensei que fosse a sério, e que fossem ficar à minha espera aqui!!
- É para veres que nós não brincamos em serviço! Vá, podes começar a falar!! – ordenou a Jessica.
- Falar o quê? – fingi-me de desentendida.
- Não te faças de parva! – provocou a Emilie – Como é que correram as coisas com o rapazito jeitoso? Ou achas que não reparámos no sorriso parvo que tinhas espetado na cara quando acendeste a luz? Avisámos-te logo que queríamos saber TUDO, achaste que estávamos a brincar??
- Mas é tardíssimo, eu tenho de dormir, eu PRECISO de dormir!!! – implorei, a render-me ao cansaço. – Xô, xô, até amanhã!!! – Comecei a expulsá-las do quarto.
- Ah tu és assimmm!! – fingiu-se a Emilie de ofendida. – Nós fizemos-te um favor, ajudámos-te a aproximar-te do rapaz, e é assim que nos agradeces!! Está bem está, hás-de cá vir! INGRATA!!
- Fizeram-me um favor??? – Puseram-me foi a jeito, vocês nem o conheciam de lado nenhum, e deixaram-me ficar a sós com ele!!! Que rico favor, e que rica ajuda!!! A vossa sorte é que ele parece ser um rapazito porreiro, senão iam ver!! Suas cuscaaas, parecem umas velhas regateiras, a querer saber tudo!!! – fingi-me de chocada. – Váá xô, até amanhã!!
- Nós vamos, mas é só porque já é muito tarde, e queres dormir, tal como nós também precisamos de dormir, mas não penses que foges com o rabo à seringa, amanhã sem falta!!! – decidiu a Jessica.
Elas saíram do quarto, e depois de ir à casa-de-banho tirar a maquilhagem, lavar os dentes, e vestir o pijama, meti-me na cama sem conseguir tirar o sorriso da cara, e já a prever que ia ter imensa dificuldade para adormecer, a recordar tudo o que me havia acontecido desde aquela manhã, principalmente à noite, e a pensar naquele rapaz super especial! Quanto à Jessica e à Emilie, adorava-as, mas naquele momento apetecia-me guardar tudo aquilo só para mim!
Já sabia que mais tarde teria de lhes contar tudo, a Jessica tinha-me logo prometido que não tinha escapatória possível da curiosidade
incontrolável delas… mas havia alturas em que gostávamos de ficar um pouco a sós com a nossa privacidade, para podermos desfrutar um pouco sozinhas de todas as emoções que tínhamos em nós… já nos conhecíamos havia algum tempo, elas sabiam como eu era, e não me levavam a mal… tal como naquela situação também não levariam, era tudo a brincar… e no dia seguinte, estando mais em mim em relação ao que me tinha realmente acontecido, ou estava a acontecer, estaria mais preparada para ser bombardeada com a enxurrada de perguntas a que iria ser submetida, e para ir à carga com o relatório completo para as meninas!
MARIANA COSTA, ÉS A PRÓXIMA... DIA 28 ENVIAR-TE-EI PARA O TEU E-MAIL!!!
estou a adoraaaaaar (:
ResponderEliminarobrigada Mariana! <3 Nada disto seria possível sem vcs!
Eliminar